No Agreste de Pernambuco, o Hospital Mestre Vitalino e o Hospital Regional do Agreste são referências na captação de órgãos

 

Estamos no início do Setembro Verde, mês da conscientização e incentivo sobre a doação de órgãos, e este é um assunto que ainda é um tabu na sociedade. Recentemente, o apresentador Faustão foi incluído na lista de espera do Sistema Único de Saúde (SUS) e realizou a cirurgia de transplante de coração no último dia (27). O caso gerou muitas dúvidas, questionamentos e inquietações sobre o processo de doação de órgãos. O Brasil é o 2º maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, e é referência por garantir os procedimentos de forma integral e gratuita pelo SUS. 

Em Caruaru, o Hospital Mestre Vitalino (HMV) e o Hospital Regional do Agreste (HRA) atuam na captação por meio das Organizações da Procura de Órgãos (OPO). De janeiro até agora foram realizadas três doações de fígado no HMV e 3 no HRA; uma de rins no HMV e 3 no HRA; 25 de córneas em cada unidade; e 3 de coração no HRA. Esses números impactam diretamente na diminuição da lista de espera e na qualidade de vida do paciente que recebem novos órgãos. 

No Dia das Mães deste ano, Rafael Gomes, de 17 anos, estava sentindo dor nas amígdalas, que foi se agravando com fadiga, bolhas na região da língua e dificuldade para respirar. Quando foi socorrido para o Hospital Regional do Agreste veio o diagnóstico: doença renal crônica. Há cinco meses o jovem realiza sessões de hemodiálise e agora está se preparando para ser inserido na lista de transplantes. “Quando eu soube, eu nem consegui pensar direito no que estava acontecendo, mas ao mesmo tempo me senti grato porque de acordo com os médicos, se eu tivesse demorado mais uma hora para procurar ajuda médica, eu poderia não ter sobrevivido. Agora estou muito esperançoso pelo transplante que tem uma previsão para acontecer até dezembro”.

“A doação de órgãos é um ato que pode salvar vidas, mas ainda é um tabu para muitas famílias que não compreendem como a doação é realizada. Por isso, institui-se a campanha Setembro Verde como forma de conscientizar a sociedade sobre a importância de doar órgãos e tecidos. Nossa intenção é aumentar a captação de órgãos em nossa região e conseguir diminuir a fila de espera por um transplante. Doar órgãos significa a vida para uma pessoa que está esperando um órgão”, explicou Janine Duarte, enfermeira coordenadora da OPO.

Durante a pandemia da Covid-19, em 2020 e 2021, enquanto alguns países paralisaram totalmente os programas de transplantes, o Brasil manteve cerca de 60% dos procedimentos. Para que a doação de órgãos possa ser efetivada é necessária a autorização da família do paciente. Mesmo com a ampliação da discussão sobre o tema, o assunto ainda é polêmico e de difícil entendimento para muitas pessoas, o que resulta em um alto índice de recusa familiar. Além da desinformação e das notificas falsas que permeiam a temática.

Atualmente para ser um doador de órgãos basta que cada pessoa comunique a família este desejo, além de conversar sobre o tema em seu meio social. Essa conduta possibilita que em um momento tão delicado, como é o da morte de um ente querido, a família possa seguir com o processo de doação. É importante destacar que há dois tipos de doador: o primeiro é o doador vivo. Pode ser qualquer pessoa que concorde com a doação, desde que não prejudique a sua própria saúde. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Não parentes, só serão doadores com autorização judicial. 

O segundo tipo é o doador falecido. São pacientes com diagnóstico de morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral). Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado, e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes.

Para celebrar esse mês, as Organizações da Procura de Órgãos em parceria com a Unidade de Hemodiálise do HMV montaram uma programação com ações que visam educar e conscientizar o público para a temática. Durante todo o mês serão realizadas dinâmicas sobre mitos e verdades do processo de doação de órgãos e tecidos com os profissionais de saúde dos serviços de abrangência.

No dia 19, às 10h, haverá uma palestra sobre comunicação de notícias difíceis, no auditório do Hospital Regional do Agreste; já no dia 21, às 14h, a palestra trará a temática: “Processo de doação de órgãos e tecidos”, no auditório do Hospital da Unimed; no dia 26, às 14h, a palestra sobre comunicação de notícias difíceis acontecerá no auditório do Hospital Mestre Vitalino; no dia 27, às 14h, palestra sobre ventilação protetora no potencial doador, também no auditório da unidade.

No dia 27, Dia Nacional da Doação de Órgãos, a partir das 8h da manhã, haverá uma ação de orientação e sensibilização da população de Caruaru na Via Parque. Nos dias 28 e 29, os pacientes da Unidade de Hemodiálise do HMV participarão de uma roda de conversa sobre o processo de doação de órgãos e tecidos, finalizando o ciclo de ações da programação.